Conversa, futebol, cinema, música, viagens, banda desenhada, culinária e as coisas estranhas que acontecem na minha vida.

quinta-feira, novembro 30, 2006

A Prairie Home Companion


Já há algumas semanas fui ver o último filme de Robert Altman. Mal eu sabia que poucos dias depois, ele morreria aos oitenta e um anos.
Curiosamente, no meio da agitação de voltar e das tarefas que tive por aqui, esqueci-me de escrever que fui ver este filme bastante agradável e só depois do senhor morrer é que escrevo isto.
A história relata a última performance de um velho programa de rádio "marcado para morrer". Uma companhia compra o teatro a partir de onde é transmitido o programa e decide acabar com ele. Assim, a duração do filme é praticamente identica à da última edição.
As relações entre os artistas, várias alusões aos clássicos programas de rádio americanos (e portugueses, quem sabe, apesar do género, tanto quanto sei, não ser um dos mais difundidos em Portugal - e no entanto, posso estar tão enganado).
Divertidíssima a parte das piadas cantadas. Um exemplo:
"-Do you know that diarrhea is genetic?"
"-It is?"
"-Yes. It runs in your jeans!"
Enfim...
Entretanto, um anjo passa pelo teatro, para levar em repouso, aqueles cuja existência termina naquela altura. Quem sabe também o próprio programa. E no fim das contas, oxalá um anjo tão gracioso como a Virginia Madsen também tenha passado e levado em repouso o própio Altman.
Uma bela despedida para um artista tão profícuo como foi Robert Altman.
Nota final:****

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Fase silenciosa

Não tenho escrito muito neste blog porque não tenho tido muita coisa para dizer. Na verdade, acho que estou numa fase muito pouco verbal. Também não considero que ande numa fase introspectiva, uma vez que não ando a pôr em causa os meus valores, ambições, etc e tal, nem sequer a repensar a minha existência. Tenho andado a aproveitar o meu regresso a Lisboa para ir fazendo as minhas coisas devagar e aproveitar o tempo que cá passo (que não sei quanto tempo será). Mas não tenho falado muito. Toda a gente à minha volta fala muito, pelo que eu tenho ouvido mais do que falado. E estou muito bem assim.
Lamento não ter entrado em contacto com todos os meus amigos, mas também não tenho tido uma vida social muito agitada. Bem pelo contrário. Em breve espero que as coisas regressem ao normal. Logo se vê. Por agora, arranjei um emprego para pagar copos (mas só os de Janeiro em frente) e por isso vou "lay low" por mais uns tempos. Mas acho que a minha fase silenciosa já passou e por isso esperem mais posts por aqui. E os que me conhecem, ver-me mais vezes.

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terça-feira, novembro 21, 2006

The Devil Wears Prada


Calma... Em primeiro lugar, comprei um cartão Medeia, pelo que não tenho nenhuma desculpa para não ver TODOS os filmes que estão em cartaz no Nimas, Monumental e King (Fonte Nova está demasiado longe).
Em segundo lugar, Anne Hathaway. Eu confesso que espreitei os diários da princesa (ou lá como se chamava o filme), mas comecei a achar piada a esta jovem actriz em Brokeback Mountain (que para filme sobre dois homens homossexuais, estava bem recheado de miudas giras - duas palavras: KATE e MARA!!!). E alguém me arranja "Havoc"?
Bom, este é o típico filme para descontrair que eu costumo ver aos domingos à tarde na televisão, mas com o filme "pago", porque não? E assim fui ver.
A história é de uma jovem recém licenciada que cai de paraquedas numa espécie de clone da revista "Vogue". Aí, terá de se adaptar às idiossincracias da sua nova chefe.
O mundo da moda por dentro e por fora, com aparições de alguns importantões (reais) e com alta costura a transbordar por todo o lado. Um filme agradável, até porque não passa (pelo menos não me deu essa ideia) por pretencioso. É um filme para divertir, com a moral do costume e com o final esperado. Mas são minutos bem passados. Ah, Anne... bem me podias dar uns conselhos de moda... umas dicas... em privado... ao jantar... aham... pois.
Nota final: ***

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sábado, novembro 18, 2006

The Departed

O último filme de Martin Scorsese é um remake de "Infernal Affairs", um filme "made in Hong-Kong. Com um elenco bastante conceituado, Scorsese conta a história de um criminoso infiltrado na polícia e um polícia infiltrado numa organização criminosa. A dada altura, as lealdades confundem-se e cada um dos infiltrados tem de decidir o que fazer com a sua vida e compreender bem onde estão as suas fidelidades.
Confesso que a primeira parte do filme me empolgou. No entanto o final começa a ficar meio confuso e quase parece que todos os criminosos são na verdade associados à polícia e que todos os polícias são associados aos criminosos, o que parece uma simbiose sugerida de forma bastante cínica pelo realizador. Mas como diz uma das taglines do filme: "Cops or Criminals. When you're facing a loaded gun what's the difference?"
Apenas o final desilude como já disse e por isso dou como nota final: ***

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¡Adiós Madrid!

Pronto, acabou-se a "aventura espanhola". Valeu a pena? Bom, falo espanhol muito melhor do que falava há um ano atrás. Está no meu CV num nível tão alto como o inglês. O que é mentira, mas de facto não tenho nenhum problema em fazer-me entender a nuestros hermanos.
Gostei de viver na cidade, embora nos últimos meses estivesse absolutamente farto. Não creio que seja um povo com o qual me dou facilmente. Sou uma pessoa muito mais reservada e com uma personalidade muito menos aberta a contacto e a familiaridades que a maioria deles e por isso não creio que seja o país para eu viver. Pelo menos já experimentei (sempre quis) e já vi que não resulta. Venha o próximo (mesmo que seja novamente Portugal).
Entretanto, ficam aqui alguns prós e contras dos nossos vizinhos...
Coisas que gosto nos espanhois:
Tratam-te por tu na primeira vez que te conhecem (mesmo que seja no metro para te pedir para passar contigo nos torniquetes); servem sempre qualquer coisa para trincar incluída com a cerveja; estão sempre na rua até altas horas da noite; são profissionais e trabalham de forma competente; as miúdas arranjam-se bem (por norma); estão sempre com sondagens e estudos de opinião (que invariavelmente provam que são os melhores em tudo - desde o maior laser do mundo ser espanhol, terem os melhores cozinheiros do mundo, terem a capital com mais oportunidades do mundo - que raio quererá dizer isto? Mas é divertido ler estes estudos, eheheh!).
Coisas que não gosto nos espanhois:
Cuspir para o chão é um desporto nacional; são tão convencidos de que são o melhor povo do mundo que qualquer opinião em contrário é descartada como irracional ou sem sentido; serviço ao cliente é um conceito inexistente; falar uma lingua que não seja a deles (especialmente em Espanha) é algo que nem sequer vale a pena considerar ("en España tu tienes que hablar español" - depois vão a Barcelona e os de lá respondem em catalão e recusam-se a falar castelhano à malta de Madrid); falam alto; têm muitos dos tiques de subdesenvolvimento que nos atingem a nós (não há água da torneira em discotecas, encerramentos de serviços públicos são feitos sem qualquer tipo de antecedência, ainda há uma certa mentalidade mesquinha relativamente a estrangeiros, etc.).
Em jeito de despedida, fica a recomendação: bebam copos no "2 de", vão às compras na Fuencarral, aproveitem a enorme selecção de DVDs (com versão inglesa original como extra) da Fnac de Callao, passem pelo Ocho y Medio, pelo Elástico, pela Sala Sol e pelo Low, vão ao cinema no Yelmo Ideal ou no conjunto de cinemas perto da Plaza de España e da Calle Princesa, vão UMA vez ao Rastro, não percam os museus Raínha Sofia aos sábados e o Prado aos Domingos (é grátis!!!), passeiem desde o Palácio Real, pela Gran Via e pela Calle Alcalá, pelo Paseo de Recoletos e pelo Paseo del Prado, gozem com a bandeira espanhola em Colón, passem um domingo à tarde solarengo no Retiro, não percam a cidra e o que vem com ela no Tigre, jantem em Chueca e comprem sapatos espanhois (são geniais em termos de design).
¡Adiós Madrid!

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Bailado (!) - Nefés


Pois é, ainda em Madrid cedi à pressão e fui ver um bailado coreografado pela Pina Bausch. Se não sabem quem é a Pina Bausch, também não acho que sou a pessoa mais indicada para explicar. Mas creio que é uma das mais influentes, originais e inovadoras coreógrafas da dança contemporânea.
Lá fui eu com mais uns amigos ver isto ao teatro da Zarzuela no Bairro das Letras em Madrid. Valeu a pena quanto mais não seja pela visita ao edifício.
Bom, não vou perder muito tempo com descrições que provavelmente seriam incorrectas e passo imediatamente à impressão final que obtive do espectáculo. Depois de uma primeira parte em que não percebi nada (o espectáculo chama-se Nefés que quer dizer "respiração" em turco) e em que supostamente viamos uma alegoria à contemporaneidade turca, a única coisa de que me apercebi foi que aquilo começava nuns banhos turcos. Uns belos truques com espuma e depois eles lá dançaram de uma forma moderna...
Veio o intervalo e começa o pior... Pois é. Na segunda parte havia uma mensagem que me parecia clara relativa às diferentes dimensões do relacionamento humano, a difícil conjugação das relações interpessoais e a subjugação da mulher a determinados parâmetros societais que lhe são impostos. Já aqui disse várias vezes que os direitos das mulheres são uma causa que me é cara e ver uma exploração do tema feita de uma forma destas, com qualidade em termos de dança, claro, os bailarinos eram excepcionais, mas de uma forma que à minha sensibilidade me parecia tremendamente (à falta de melhor palavra) "foleira", foi uma tremenda desilusão.
Claro que as minhas espectativas eram muito altas, pois o nome da coreógrafa ressoa instintavamente como paradigma de qualidade e de sofisticação. Mas ao ver uma mensagem transmitada com aquela superficialidade, deu-me vontade de chegar ao pé da autora e dizer-lhe "vê se sais mais, pá!". A ideia que me passou foi de uma certa futilidade.
No geral, valeu a pena, quanto mais não seja porque me permitiu perceber que a dança pode ser um veículo para expressar ideias e para causar reacções (mesmo que negativas) a tipos que não percebem nada do que para ali vai.
Nota final (sim, ouso fazê-lo):**

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Marie Antoinette

Mais um filme de Sofia Coppola depois do surpreendente "The Virgin Suicides" e o já elevado à categoria de filme de culto, "Lost in Translation". Desta vez, Coppola decide revisitar a vida de Maria Antonieta, raínha austríaca de França à data da revolução de 1789 retratando-a como a adolescente que era.
A saída da Austria, o casamento, a rotina real, as dificuldades em conceber um herdeiro para o trono francês, as relações e intrigas de corte e finalmente a adaptação ao seu papel e o disfrutar das possibilidades que ser a raínha de um dos países mais poderosos do mundo numa altura são descritos aqui por Sofia Coppola de uma forma relativamente monótona, para a qual também contribui a pouca fogosidade de Dunst, que apesar de muito bonita, não empolga nesta interpretação que parece ter sido desenhada para ela.
No fundo, o filme tem um ritmo que parece copiar Manuel de Oliveira (mas se este fosse uma adolescente).
A banda sonora, que tantos rios de tinta parece ter feito correr, é bem ajustada. Realmente poderia ter-se recorrido à música da época, um período rico, tanto quanto sei, ainda para mais na corte francesa. Mas fica a pergunta: para quê? Para mim, a música não acrescenta nem retira nada ao filme, sendo apenas uma escolha estética da autora que ficará ao gosto de cada um apreciar. No geral, foi um filme agradável, com o extra de ainda se poder espreitar a menina Dunst em takes mais ousados. Mas é para mim, o pior filme até à data de Sofia Coppola.
Nota final: ***

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