Estou quase a sair de Brighton. Durante um ano foi a MINHA cidade. E este MINHA é escrito desta forma porque me senti em casa. Não me senti um estrangeiro a viver fora do seu ambiente natural, senti que é uma cidade onde pude ser eu, sem ter de me mudar, sem ter de me adaptar, sem ter de fazer coisas fora do normal. E por isso é a minha segunda cidade. Vou voltar para a minha cidade preferida, Lisboa, mas esta fica-me na memória e quem sabe, um dia, um regresso.
É a cidade mais descontraída de Inglaterra. É a que tem mais horas de sol por ano, é onde há maior comunidade gay do país, é onde há o maior número de vegetarianos, restaurantes vegetarianos e lojas vegatarianas do país, é a cidade mais turística (para os ingleses) de Inglaterra, é provavelmente a cidade com o espírito mais aberto do país. E fez-me sentir bem.
A cidade em si é linda, mas se calhar sou eu que não estava habituado a este tipo de organização, arquitectura e outras coisas. No entanto, os seus dois grandes "monumentos" (eheheh) são coisas únicas no mundo e fazem-me ficar contente por ter vivido na cidade onde eles existem. Um é mesmo um monumento, o Pavillion. Que grande maluco era o sujeito que mandou construir aquele palácio indiano/árabe/chinês... Por dentro está cheio de coisas super-interessantes e bizarras. E não fosse a rainha Victória achar Brighton demasiado "mundana" (já naquele tempo), o palácio não teria sido espoliado de grande parte das suas riquezas. O segundo "monumento", não é bem um monumento. Ou melhor, é e não é! O Pier. É um pontão enorme, inaugurado nos últimos momentos do século XIX. Em cima, está uma enorme "feira popular", onde o pessoal mais chunga e os turístas vão porque é um local único. Há uma espécie de efeito que aquele local tem sobre as pessoas. É agradável estar lá, apesar de ser apenas uma "feira popular". Mas está em cima da água, está sempre iluminado e cheio de animação e vida! É um local único!
Mas não só pelos monumentos é que eu gosto de Brighton. A sua vida cultural, a actividade musical da cidade, uma das melhores no país, e sem dúvida a mais activa per capita (relembro que este "concelho" tem 250 000 pessoas), com grandes bandas e grandes DJs a passar por cá praticamente todas as semanas. Os clubes sempre com uma oferta enorme, cheia de diversidade, teatro, comédia e outros espectáculos de toda a parte do mundo aparecem por cá. Se se tiver tempo e dinheiro, tenho a certeza de que é possível arranjar actividades lúdicas interessantes TODOS os dias do ano.
E claro, o comércio. As "Lanes", a parte velha da cidade, de quando isto era apenas uma pequena aldeia piscatória chamada "Brighthelm Stone", e a "North Laine", ambas com o seu pequeno comércio que está vivo e é mais atractivo do que o único centro comercial que existe na cidade. Todas cheias de coisas diferentes, de cores variadas e chamativas. Cada uma das lojas é única, com o seu toque pessoal. E muitas delas sempre a mudar. Se o negócio não dá, muda-se de negócio e recomeça-se novamente. Há lojas de tudo e para todos os gostos e bolsas e interesses. E cafés e restaurantes e... pubs. Há na zona de Brighton e Hove quase... 1000 (!!!!!) pubs! E eu devo ter visitado qualquer coisa como uns 70! Com o nosso hábito de visitar um por semana e mais os outros que visitei ora para ver a bola ou apenas porque sim...
E depois, todas os meus locais preferidos... Hove é lindo e se eu algum dia puder ter casas espalhadas pelo mundo, quero uma em Hove. O campo que circunda esta cidade é verde e organizado. Lewes, a três estações de comboio daqui é mágica no dia 5 de Novembro. Seven Sisters, os desfiladeiros que dão para o mar do final de Quadrophenia...
Uma pequena lista de sítios preferidos, sem nenhuma ordem em especial: Mrs. Fitzherberts, The Red Veg, The George, Dave's Comics, Ali-Cats, Concorde 2, Funky Fish, 14 Ship Street, Casablanca, Lion and Lobster's e The Swan. Não me esqueço dos bons tempos que cá passei. Foi óptimo viver aqui um ano. E o curioso é que apesar de haver tempos menos bons, nunca houve maus tempos, ou se houve, a sua memória desvaneceu. Espero voltar em breve e quem sabe voltar a viver nesta que é a minha cidade adoptiva.
Amo Brighton!
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