Conversa, futebol, cinema, música, viagens, banda desenhada, culinária e as coisas estranhas que acontecem na minha vida.

domingo, setembro 06, 2009

Aniversário Ucrâniano

(Durante a leitura deste post é essencial imaginar a música d'O Padrinho)
Estive na Ucrânia, em trabalho, na federação de futebol (enquanto não temos sede na Ucrânia, trabalhamos ali).
Quando cheguei, na 4a-feira, toda a gente me disse que estavam todos muito ocupados devido ao 60° aniversário do Presidente (da Federação)... Como estive a tarde toda numa reunião, não tive tempo para nada, ignorei o facto.
Na 5a feira, estava a acompanhar uma formação que estavamos a dar aos nossos colegas polacos e ucrânianos. Ao início da tarde, fomos informados pela directora de Recursos Humanos que os nossos colegas Ucrânianos teriam de se ausentar durante 5 ou 10 minutos para dar os parabéns ao Presidente. "Outra vez?", pensei eu? "Então mas o aniversário não foi ontem?" O certo é que os 5 a 10 minutos se transformaram em cerca de 3/4 de hora...
Na 6a feira é que foi mesmo a sério. Primeiro, numa reunião de alto nível (onde eu só fui parar por acaso), eramos constantemente interrompidos pelos testes de som em altos berros que vinham do centro do edifício. "Testes de som? Para quê?" A reunião acabou e eu fiquei a actualizar uns ficheiros na mesma sala. Passado um bocado, um dos colegas ucranianos veio dizer-me que eu estava convidado para a festa de aniversário do Presidente. "Outra vez?!", pensei eu?? "Mas isso não foi ontem e anteontem?" "Não, não, é hoje". Bom, às duas da tarde lá vem alguém buscar-me e eu vou ao hall de entrada da federação onde já estão umas 50 pessoas, mais ou menos dispostas em círculo. Uma das minhas colegas, ucrâniana, que viveu na Holanda durante uns tempos, fazia-me notar que ia ao mesmo super-mercado que o primeiro-ministro (que vivia ao redor da esquina e não tinha problema nenhum em ir ao super-mercado da esquina). E fazia-me ver a diferença para a formalidade e subserviência que havia para com o Presidente... Reparei no enorme leão dourado com uma bola de futebol que aparentemente era um presente para o Presidente. Eu achei que um presente daquele tamanho era um bocado chato para se ter em casa. No meu caso, até cabia no terraço, mas levar aquilo no elevador ou pelas escadas ia ser um bocado difícil...
Entretanto uma outra colega (uma novinha e bem jeitosa) chega e diz-me que foi "convidada" para a festa de aniversário do Presidente. Na verdade, ela não foi convidada. Ela explica-me que um amigo do Presidente foi convidado e que ela foi "convidada" a ACOMPANHAR o amigo do Presidente. Sou só eu, ou isto soa a muuuuuuuuuito estranho?
Depois temos a chegada do Presidente:
1 - Música ao vivo (mental note: Frank Sinatra é o favorito do Presidente);
2 - Toda a gente foi "convidada" a gritar "Parabéns!" ao Presidente quando ele chegasse. Eu fiz o meu melhor, mas sinceramente, o meu russo (ou seria ucrâniano?) não chega a tanto...
3 - O discurso dele foi um discurso de líder (a colega jeitosa fez um esforço para me ajudar a mim e a outra colega que não percebe russo - ou ucrâniano - para fornecer uma tradução simultânea);
4 - O descerrar do quadro (sim, outro presente) foi o momento alto: obviamente todos esperavamos algo relacionado com futebol... quando de repente, aparece uma cena bíblica, com Moisés e uns outros tipos... A explicação mais tarde...
5 - Um discurso após o outro, toda a gente que é alguém, teve a oportunidade de prestar vassalagem e explicar porque é que a sua vida é melhor porque o Presidente está nas suas vidas...
6 - O discurso do pintor sobre o porquê do tema bíblico. Infelizmente não apanhei o versículo certo, mas percebi que é do livro do Genesis. Segundo a explicação da colega jeitosa, Deus disse a Moisés "leva o teu pessoal daqui para fora". E Moisés disse ao seu pessoal "vamos embora daqui". E o pessoal dele seguiu-o... sem hesitações, porque acreditavam e tinham fé na sua liderança. E é assim que o pessoal da federação segue o Presidente. Sem hesitações e porque têm fé na sua liderança!
Só para concluir, eu vim-me embora pouco depois do discurso dos vassalos do Presidente. Não pude ficar até ao fim... Mas no sábado é que foi a Festa de aniversário. Não, a sério, a FESTA de aniversário (onde a colega jeitosa foi "convidada" a acompanhar o amigo do Presidente?). A festa com cerca de 600 convidados em casa (não no Prédio onde ele vive - sim, o prédio é dele, mas sim na casa), entre os quais um candidato a presidente (do país) nas próximas eleições de Janeiro e presumivelmente alguns colegas do antigo trabalho do Presidente. Ele trabalhou numa organização da antiga União Soviética. Tinha três letras: Um K, um G e um B...
Deve ter sido de arromba. Quando lá voltar em Outubro, tenho de perguntar como correu.
Perante isto, só tenho uma coisa a dizer: "Madaíl, és um menino!!!"

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Uma à moda antiga (parte 2)

Pois... uma semana depois dos acontecimentos relatados há pouco tempo atrás, voltei a estar com o meu amigo que me acompanhou naquela noite. Ele é mais novo, tem 2,03m e tem um historial recente de bebedeiras diárias que faz de mim um menino, mesmo quando eu ia mais frequentemente para os copos. Ou seja, enquanto eu vegetava no sofá, ele seguiu a sua vida normalmente no dia seguinte.
Por isso ele estava consciente e explicou-me mais alguns detalhes da nossa brilhante noite.
Primeiro, a principal nota foi esta: nós não bebemos apenas vodka e cerveja... Houve uma garrafa de schnapps de pêssego que eu ignorei completamente! Daí a minha perplexidade em como é que eu estava tão destruído apenas com 1/3 de garrafa de vodka e algumas cervejas. 1/2 garrafa de Schnapps de pêssego por cima disto explica perfeitamente porque é que eu não me lembro de nada.
Depois aparentemente a luta com o cartão de crédito foi após eu me INDIGNAR com o dono do bar (muito manhoso - segundo o meu amigo, o PIOR BAR onde ele jamais esteve em Lausana) por ele nos cobrar 44 chf (cerca de 30€) pela entrada e por duas cervejas. Aparentemente, eu NEGOCIEI o preço e estava de tal modo com os copos que consegui uma redução.
Mais tarde aparentemente quase estive involvido numa "pequena troca de impressões física" com dois idiotas. Mas consegui resolver a dita troca de impressões ao notar que eles eram portugueses (devo ter reparado que se pareciam com o Ricardo Quaresma - aqui todos os miúdos que se parecem com o Ricardo Quaresma são portugueses, ou vice-versa). Como portugueses, somos todos irmãos neste sítio onde somos tão descriminados...
Depois aparentemente organizar algum "procurement" junto de uns tipos africanos que nunca vi na vida. Devo ter conseguido o contacto da pessoa certa, mas não me lembro como é que se chamava e no meu telefone tenho cerca de 1200 números de telefone (contactos da empresa), pelo que está por lá perdido...
Por último, depois de ter insistido e anunciado veementemente ao meu amigo que não iria de taxi, tenho de concluir que só posso ter apanhado um taxi, na medida em que lhe tinha dito que tinha 19 francos para o taxi e isso era a única coisa que faltava na minha carteira...
Ah, o livro... Ofereci-o ao meu amigo! Disse-lhe que era "o melhor livro de sempre"... Sim, é um bom amigo, mas eu estava com os copos e tendo a exagerar... um bocadinho.
Na medida do possível, acho que o meu piloto automático ainda funciona relativamente bem.

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Les Arbitres (2009)

Este filme é patrocinado... pelos meus patrões.
Em todo o caso, como também vi o filme no auditório da organização, é justo dizer que estão empenhados na sua promoção.
O filme relata as actividades de alguns árbitros durante o Euro 2008 e quais os problemas com que se deparam. Curiosamente, o árbitro que ontem nos roubou um penalty na Dinamarca está entre estes e uma das suas frases no filme, para o Katsouranis no jogo contra a Suécia é: "We are not gods. We also make mistakes."
Depois falam das ameaças (reais) ao Howard Webb (que recentemente perdoou um penalty ao Sporting em Florença) devido ao penalty que assinalou contra a Polónia no último minuto do jogo contra a Austria.
Enfim, um filme onde vemos o outro lado de ser árbitro, as pressões e aspirações dos homens do apito e onde podemos ganhar alguma simpatia sobre o seu trabalho.
Obviamente não apareceu nenhum árbitro português. Porque não acredito que algum seja realmente isento, quando apita o jogo entre um clube grande e um pequeno. Tendem sempre para quem lhes pode dar fruta, café com leite, férias no Brasil ou quem tenha influência nas promoções a arbitro internacional...
Mas o filme foi divertido. Nota Final: ****

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