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domingo, agosto 21, 2005

Crash - não o do Cronemberg...

Ontem fui ver Crash, um filme sobre racismo em Los Angeles... escrito por canadianos. Confesso que as minhas expectativas estavam mais altas do que o normal, para um filme deste género. Isto porque já tinha visto boas críticas sobre o filme e algumas opiniões fundamentadas eram-lhe favoráveis.
Eu achei o filme absolutamente mediano. Não é nada original, chega a ser monótono em algumas partes. Depois, o estilo é todo "Magnólia", com várias histórias diferentes que se tocam em algum ponto, chegando ao ponto de haver cenas absolutamente iguais, como por exemplo uma em que todas as personagens são filmadas em pose contemplativa, com uma musiquinha melancólica (pelo menos não é a Aimee Mann - nada contra a senhora)!
O filme tem dois pontos altos em termos emocionais e alguns twists engraçados, o que faz com que para o cinéfilo compulsivo como eu, valha a pena ver. A questão é que este filme também pode agradar a pessoas que vão menos ao cinema e de facto dá um retrato interessante sobre a tensão racial que existe. Mas como disse a minha amiga que veio comigo ver isto, apenas a personagem do Matt Dillon tem realmente exploradas as motivações do seu racismo.
No entanto achei o filme de certa forma exagerado na exploração do racismo. Ehehe, e o curioso que só agora é que me apercebo que fui ver este filme com alguém de outra raça (uma das visadas de forma mais baixa no filme). Nota final: ***

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12 Comments:

Anonymous Anónimo said...

outra raça?

agosto 22, 2005 12:14 da tarde

 
Blogger Hugo Viseu said...

Sim. Racismo implica o conceito de raça. A pessoa em questão é de outra raça. Ou seja, não é caucasiana branca.

agosto 22, 2005 1:57 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

em termos puramente biológicos, a espécie humana é monotípica logo não se divide em raças distintas! raça e racismo são termos cunhados na época colonial e o seu uso actual é decorrente da apropriação desses conceitos originais. enquanto se pode continuar a designar por racismo o fenómeno discriminatório subjacente que este conceito implica (esse fenómeno algum nome há-de ter e racismo é tão bom nome como outro qualquer), já o facto de se continuar a usar o termo raça é completamente desinteressante já que esse termo é vazio de sentido na acepção pretendida. mais vale dizer logo preto, castanho, amarelo ou branquela se é de cor que falamos. e ainda podemos acrescentar neologismos como "café com leite", if u know what i mean...

agosto 22, 2005 6:12 da tarde

 
Blogger Hugo Viseu said...

Em termos sociais, não é um conceito vazio. Todos sabemos do que é que se está a falar quando se fala de raça. Por muito inválido que seja o conceito biológico, o social existe, apesar da crescente miscigenação. E se eu não quiser dizer de que raça é a pessoa com quem eu fui ao cinema, digo apenas que é de outra raça. É uma questão de simplicidade de linguagem. Eu não sou grande adepto do politicamente correcto e não sei se é isso que te intrigou no meu post. Foi?

agosto 22, 2005 6:48 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

eu estou com o "anónimo" (pena não sabermos quem é) na opção pelo "preto, castanho, amarelo". no doubt about it.
mas, em termos antropológicos, o termo "raça" foi bem aplicado no post.

agosto 22, 2005 7:29 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

o conceito antropológico de raça existe realmente. apenas o acho espatafúrdio. a única coisa que distingue os homens é, literalmente, a cor. não há mais nenhuma característica física comum a toda a gente. ora, os cães têm raças. nitidamente, um chihuahua é um animal diferente de um husky. duvido que estas raças se possam cruzar. agora, um husky (só) preto e um husky albino são da mesma raça. a única coisa que muda é a cor do pêlo. tal como nos homens, só a cor muda. logo a raça é a mesma e o conceito antropológico apenas parece antiquado, como os penteados dos anos 80 à cadete ou linda hamilton.

um bocado mal explicado, mas acho que se percebe o ponto. ass: o sr. anónimo.

agosto 23, 2005 11:38 da manhã

 
Anonymous Anónimo said...

não deixa de ser curioso distinguires "chihuahua" e "husky" como sendo de raças diferentes (tal como podias fazer entre um asiático e um latino americano, por exemplo), mas só consideras "ofensivo" quando falas da cor do cão...
não é a cor o único elemento que distingue os homens: é o tipo de cabelo, a expressão dos olhos...

sra anónima.

agosto 23, 2005 12:18 da tarde

 
Blogger Hugo Viseu said...

Não concordo com essa coisa de ser só a cor da pele que distingue as pessoas. O meu pai, moreno, provavelmente é mais escuro do que a menina com quem eu fui ao cinema! Mas também, espero que o facto de eu utilizar a palavra "raça" não seja considerado ofensivo por ninguém. Como já podem ter percebido, acho que o termo é bem usado, especialmente por facilidade de linguagem e claramente (e naturalmente), não me considero racista.

agosto 23, 2005 1:10 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

sra anónima: ah ah ah!
(e já agora, já vi muitos asiáticos que podiam ser latino americanos e muitos latino americanos que podiam ser asiáticos. a américa do sul é o sítio de todas as misciginações)
hugo: também não te considero racista, apenas acho que a palavra raça cheira logo a racismo... eu também não disse que era só a cor de pele que distingue as pessoas. tudo distingue as pessoas. agora, as "raças" só se distinguem uniformemente pela cor de pele. é óbvio que há mais características comuns num lado e invulgares no outro, mas como tu dizes hugo, tenho amigos morenos que mais parecem pretos e amigos pretos que são muito brancos. tenho amigos descendentes de goeses e eu nunca diria... e no entanto, também conheço os/as seus/suas irmãos/irmãs e esses nitidamente são topados como descendentes de indianos (pelo menos)...

ass: sr anónimo

agosto 23, 2005 2:48 da tarde

 
Blogger Hugo Viseu said...

Um amigo meu foi confundido com indiano no sitio onde mora. Intrigado, pois nunca tal lhe acontecera no local onde morava anteriormente, perguntou ao primeiro indiano com quem teve confiança se se parecia com indiano ou não. A resposta foi rápida: "Sim, mas só se for do Norte!" Eheheh...
Compreendo o que dizes que "a palavra raça cheira a racismo", mas eu acredito que as palavras têm significados diferentes consoante o contexto onde, por quem e com que intenção são ditas. Por isso, sinto-me bastante confortável em dizer que a menina que foi comigo ao cinema era de outra raça. Mesmo que não biologicamente. Já agora, aposto que te arrepiaste quando leste a palavra "miscigenação" num dos posts acima, não?
E voltando mais atrás, tá mal meter no mesmo saco o racismo e a Linda Hamilton... (eu sou fã!!!) Já a conversa dos penteados dos anos 80 lembra-me "Um negro de cabeleira loura ou branco de carapinha não é natural! Com restaurador Olex..." Eheheh.

agosto 23, 2005 4:55 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

ah... tenho esse clip aqui neste computador. do melhor (e com muito cheiro a ranço e... outras coisas). aqui fica o enunciado completo:
um preto de cabeleira loura ou um branco de carapinha não é natural! o que é natural e fica bem é cada um usar o cabelo com que nasceu. usando diariamente restaurador olex, dá ao seu cabelo a sua cor primitiva. restaurador olex (e agora só lendo no anúncio: devolve ao cabelo a cor primitiva).
comentário: cor primitiva ah ah ah ah! primitiva ah ah ah ah ah!!! só fica bem com a sua cor natural, não esquecer.

agosto 23, 2005 5:52 da tarde

 
Blogger Hugo Viseu said...

E eu que sempre sonhei com uma farta cabeleira azul...

agosto 23, 2005 11:36 da tarde

 

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