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domingo, abril 23, 2006

A conhecer Madrid - a linha 4 do Metro

A linha 4 de metro começa na estação de Argüelles, na calle Princesa, uma zona bonita e com uma aparência que revela que se vive bem por estes lados. Sigo pela calle de Alberto Aguilera, uma avenida larga, onde há todas as lojas que normalmente encontramos nos centros comerciais bem como cafés e bares de aparência mais requintada. Continuo por uns quantos quarteirões e chegamos à glorieta de Ruiz Rimenez, onde a linha 4 se cruza com a linha 2 e que medeia a calle San Bernardo. Aqui podemos ver as casas com muito mau gosto cheias de trepadeiras de que já falei antes. Aqui a rua começa a chamar-se Carranza e assim é por um quarteirão até que chegamos à glorieta de Bilbao, onde a linha 4 cruza a linha 1.
Continuamos numa zona relativamente nobre da cidade, apesar de à direita (a sul, portanto) estar a zona de tribunal onde à noite temos o sítio mais "Bairro Alto" (é discutível, no entanto) para se sair à noite. A partir da glorieta de Bilbao, se continuamos a seguir para Leste, seguimos pela calle Sagasta. Esta, descai um pouco para Sudeste e a sul está também cheia de bares e actividade nocturna. Trata-se da zona de Chueca, conhecida pela sua vida nocturna de cariz mais alternativo, concretamente, trata-se da zona da cidade onde se concentra de uma forma mais evidente, a vida nocturna gay da cidade.
Chegamos à Plaza de Alonso Martinez, onde a linha 4 se cruza com a linha 5 e a linha 10. Daqui, continuamos para sudeste, pela Calle de Genova. Eu diria que desde que iniciei este passeio, todos os prédios são os que tipicamente me agradam em Madrid. Imponentes, com belas varandas de metal trabalhado, poucas discrepâncias entre o tamanho de um edifício e do que se lhe segue, ou seja tudo isto faz com que seja bastante agradável à vista. Na calle de Genova, encontramos duas "belas" (bem pelo contrário) excepções. Em primeiro lugar, o edifício sede do Partido Popular. Política à parte, um edifício todo em vidro enquadrado pelos que acabei de descrever está absolutamente desenquadrado. É feio! Pouco depois, temos um outro edifício indiscritivelmente feio, com umas janelas viradas a sul e não Sudoeste, como todas as outras daquele lado da rua, que para cúmulo, tem um restaurante chamado "Tony Roma's famous ribs"... Famosas pelo menos pelo indiscrítivel edifício onde se situam, quanto a mim.
Faço um pequeno desvio da linha 4 e visito a Plaza de la Villa de Paris, onde está o Palácio de Justiça e duas estátuas de que vale a pena falar um pouco. A primeira que vejo é a de Fernando VI, rei de Espanha. A segunda é a de Bárbara de Braganza, sua esposa. Bárbara era filha de D. João V, rei de Portugal. Este, depois de três anos casado e sem filhos prometeu que se ergueria um grande convento caso tivesse algum descendente. Assim, em agradecimento ao nascimento de Bárbara, construiu-se o enorme convento de Mafra. Maria Madalena Bárbara Xavier Leonor Teresa Antónia Josefa de Bragança (uff...) foi então casada com Fernando VI de Espanha. Quando a conheceu, o rei ficou de certa forma incomodado, uma vez que Bárbara de Bragança... era feia como tudo! Pois é. Mas como prova de que a beleza não é tudo, a história destes dois fica marcada na monarquia espanhola. Bárbara dedica-se ao seu esposo de forma total, de maneira que este fica absolutamente apaixonado pela princesa portuguesa. Durante toda a sua vida não têm filhos e quando esta finalmente morre em 1758, D. Fernando enloquece. Foi sucedido no trono pelo seu irmão.
Retomo o meu percurso no final da calle de Genova e chego ao Paseo de la Castellana, mais concretamente, à plaza de Colón. Posso-vos garantir que atravessar esta praça... demora! Mas se preferirmos, podemos usar o metro. É bastante grande, tem um centro cultural subterrâneo, um belo jardim enorme (jardines del Descubrimiento) nas costas da imponente estátua de Cristovão Colombo (para os mais distraídos, Colón é Colombo em espanhol) e no topo Leste da praça uns enormes blocos de cimento armado comemorativos do descobrimento da América (ou das Bahamas, Cuba e da Hispaniola - a ilha dividida entre a República Dominicada e do Haiti...) em 1492. Curiosamente, os nomes de TODOS os viajantes nas três embarcações estão presentes nestes blocos comemorativos.
Passo pela estação de Serrano, que está na outra ponta da praça de Colón e seguimos pela calle Goya, entrando assim na zona de Salamanca (chamada assim por causa do Marqués de Salamanca), outra zona de camadas médias/altas da cidade. Passo por aquele que deverá ser o cruzamento mais importante em termos culturais de Madrid. Não pela quantidade de oferta que aqui se encontra, mas sim porque aqui se cruzam as ruas de Goya e Velázquez. Passamos a estação de Velázquez e continuamos na calle Goya até que chegamos à estação com o mesmo nome, onde a linha 2 volta a tocar a linha 4, no cruzamento com a calle de Alcalá.
Viramos bruscamente à esquerda, em direcção a Norte, pela calle del Conde de Peñalver. Não é propriamente uma zona interessante, mas continuamos a perceber o carácter "rico" da linha 4, pois ainda não se viram nenhuns edifícios degradados ou com pior aspecto. Falando em pior aspecto, passamos por uma das igrejas mais feias do universo.Passamos pela estação Lista (pronta? Pronta para quê?) e por Diego de León, cruzamento com a linha 5.
A Conde de Peñalver acaba no cruzamento entre a calle Diego de León e com a Francisco Silvela. Estamos agora a chegar à estação de Avenida de América, onde palavra de honra não me consigo entender com os mapas! Já cá estive antes, nomeadamente a procurar casa e mesmo com o meu "callejero" não me consigo entender com isto tendo mesmo chegado a perder-me por aqui! Cruzo a Avenida de América e sigo mais um pouco pela Francisco Silvela até que chego ao cruzamento com a Principe de Vergara onde tento finalmente sair deste "triangulo das Bermudas" do mapa da Madrid. Daqui subo para Norte e rapidamente volto para Nordeste, seguido agora pela calle Lopez de Hoyos. E aqui sim, acabou-se a zona previlegiada. Estamos finalmente numa zona mais modesta.
Passo pela estação Prosperidad, pela Alfonso XIII e deparo-me com a M30, a circular que normalmente me limita as explorações. Subo por uma rua sem nome em direção a Norte e chego ao parque de Félix Rodriguez de la Fuente que foi um destacado zoólogo no século passado. Entro na avenida de Ramón e Cajal e atravesso a M30. Chego à estação de Av. de la Paz e paro por aqui. Fico a dois quarteirões da casa da minha amiga Vivian, mas não me apetece visitar depois desta caminhada de quase 3 horas. A seguir da estação Arturo Soria, onde vive a Vivian, está a estação que poderá ter inspirado o Manu Chao... "Próxima estación: Esperanza".

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1 Comments:

Blogger Hugo Viseu said...

Mano, já começo a ficar farto destes teus apelos. Já os vi em todos os blogs que conheço, inclusivé os de bola, pelo que vou APAGAR este teu comentário, uma vez que não tem nada a ver com Madrid...

abril 25, 2006 12:58 da tarde

 

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