Bruno
Desde criança, sempre que perguntado sobre o que quereria ser quando fosse grande, nunca Bruno se enganou: ele queria era ser ladrão, um gatuno a sério, temido quadrilheiro. Tanta convicção deixava os pais de Bruno infelicíssimos. Pobres senhores. Tiveram de o tirar do jardim-infantil, dar explicações coxas a professores e pais de colegas. Um calvário. Que se prolongou pela escola primária, colégios internos e colónia balneares. A vocação de Bruno para o gamanço, mesmo se diferida, não era mais bem compreendida pelos seus e acarretou-lhe sovas das antigas e dissabores continuados. Tinha o miúdo catorze anos quando julgou chegado o momento de dar o golpe da sua vida e esvaziar à noitinha a mercearia do bairro. Em má hora o tentou, pois deu de caras com a mãe a ser seduzida pelo dono da loja atrás do balcão. O mundo ganhou mais um cidadão honesto, honesto e triste como os outros.
In Narrativas, Alface.
O destaque é meu. Alface não escreveu a pensar em mim.
Em homenagem ao meu grande amigo Bruno que me veio visitar por cá por Madrid... Eheheh!
Etiquetas: Cultura
4 Comments:
Lindo!
O dono da loja é q se safou o Bruno da má vida... :)
setembro 27, 2006 9:42 da manhã
AHAHAHAHAHAHAH
Genial!
Afinal de onde vêm estas histórias???
setembro 27, 2006 9:08 da tarde
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
setembro 27, 2006 9:13 da tarde
O livro chama-se mesmo "A mais nova profissao do mundo" (ou algo assim, nao o tenho comigo agora) e o autor é um gajo chamado Alface.
setembro 29, 2006 1:43 da tarde
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