Conversa, futebol, cinema, música, viagens, banda desenhada, culinária e as coisas estranhas que acontecem na minha vida.

quinta-feira, março 23, 2006

"Vamos à tourada, com a criada vamos à tourada"

Esta citação de um épico musical de Ena Pá 2000 é para introduzir o tema da tourada! Estive na "Monumental de Las Ventas", não para coisas radicais como ver AC/DC como pelo menos um dos frequentadores deste blog, mas para uma mais corriqueira tourada!
Pois é, lá fui eu, pela primeira vez na minha vida a uma tourada. Em Portugal quando era adolescente tive uma oportunidade e recusei. Infelizmente estava na minha fase militante anti-tauromaquia. Somos tão mais intransigentes em certas coisas quando somos adolescentes... Antes disso (e depois também, embora menos) fartei-me de ver touradas na televisão. "XXVII Corrida TV, com a arte e bravura de Joaquim Bastinhas, a graça e altivez de João Salvador", etc, etc... Coisas desse género. Assim, sem nunca ter sido um adepto fanático da festa taurina, lembro-me bem das imagens que sempre considerei coloridas, fortes e marcantes.
Sabendo então onde era a praça de touros desta cidade, e sabendo dos preços e horários, decidi ir ver uma tourada à espanhola!Eram 6 touros. Rapidamente percebi que há uma ordem das coisas que é respeitada sempre. O touro entra na arena, está lá uns minutinhos a correr de um lado para o outro enquanto os "tipos com as mantas coloridas" (peões?) o fazem cansar um bocado.
Após isso, começa a selvajaria, com os picadores a entrarem na arena. Note-se que nunca vi picadores em Portugal. Estes tipos, a única coisa que fazem (a cavalo, com os cavalos vendados e com uma "armadura") é provocar o touro que investe contra eles e é obviamente picado até mais não com um espeto enorme que permite ao picador magoar o animal a uma distância segura. Não tem nada a ver com uma das coisas mais bonitas da tourada à portuguesa que é o Cavaleiro, que manobra o seu cavalo (que está de olhos bem abertos e tem de enfrentar o touro) de modo a espetar as bandarilhas (que têm menos de um quarto do tamanho dos espetos dos picadores) nas costas do touro. Após a palhaçada dos picadores, vêm os bandarilheiros, tal como em Portugal... Esses, (e aqui começa a minha dúvida de quanta da minha opinião é por considerações artísticas e quanto é nacionalismo q.b...) parece-me que precisam de alguma arte, pois têm de colocar as bandarilhas frente ao touro e precisam de alguma habilidade para evitar levar uma cornada.
No final, vem o matador... que em Espanha, mata. Sinceramente achei um bocado chocante ver os touros a morrer na arena. Até porque quando o matador é mau, o touro sofre bastante mais. Daí que eu consiga compreender uma certa beleza na tauromaquia, que é a arte de dominar o touro, matando-o é certo (imagino que tudo isto seja altamente simbolico), com o máximo de "limpeza" possível. No final, o arrastar do touro morto da arena para fora é um pouco arrogante. Prefiro a versão portuguesa de levar as vacas para dentro da arena de modo a que o touro ferido saia por sua vontade.
Acabei por não ver os seis touros porque entretanto estava a ficar de noite, frio e a começar a chover. Saí quando o quinto matador estava a ser idiota e não conseguia matar o touro. Aparentemente não se pode sair da arena durante a lide de um touro, mas ninguém protestou comigo (provavelmente porque os mais entendidos também já se fartavam de assobiar o idiota do toureiro incompetente que precisou de mais de 4 estocadas para matar o animal). Fiquei com vontade de ir ao Campo Pequeno o mais depressa possível. Alguém sabe quando abre? Já agora, "Barrancos: you suck!"

Etiquetas:

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Hey!
Não sei como foste capaz de ir ver tal coisa. Gabo-te a paciência. É algo a que eu nunca achei piada nenhuma (mesmo em Portugal, onde não matam o pobre animal). Embora seja característico da cultura espanhola, acho que é um espetáculo demasiado selvagem em que algumas pessoas se limitam, primeiro, a gozar com o focinho do bicho pondo-se à sua frente e provocando-o e depois continuam a sua diversão espetando coisas no lombo do pobre animal, fazendo-o sofrer (quase) até à morte. É super violento!!!
De qualquer das maneiras espero que te tenhas divertido!
Beijinho ;)
I.

março 26, 2006 11:14 da tarde

 
Blogger Hugo Viseu said...

Antes de rejeitar completamente este espectáculo como tal (para lá de considerações artísticas e culturais), tenho de ir ver uma a Portugal, de preferência no Campo Pequeno, quando abrir. Depois logo verei até que ponto é que segue o meu interesse por isto.
Mas confesso que de alguma forma me atrai.

março 27, 2006 9:42 da manhã

 

Enviar um comentário

<< Home