Conversa, futebol, cinema, música, viagens, banda desenhada, culinária e as coisas estranhas que acontecem na minha vida.

terça-feira, março 21, 2006

A conhecer Madrid - a linha 2 do Metro

Desta vez comecei por Cuatro Caminos, descendo a Bravo Murillo, desinteressante neste ponto, uma zona com pouco comércio, pouca habitação e pouca gente. Desço, afastando-me progressivamente da linha 1 do metro, mas ainda assim, uma das primeiras ruas com que me cruzo é a Rios Rozas. Passo assim pela estação de Canal, na esquina com a José Abascal. Começamos agora a aproximar-nos de uma das zona mais mais "nobre" da cidade.
Chegamos à glorieta de Quevedo, onde está a estação com esse nome. Termina aqui a Bravo Murillo e começa a calle de San Bernardo, que nos acompanhará ainda durante algum tempo nesta viagem pela linha 2 do metro. Estou agora na glorieta de Gimenez e aqui salta à vista que é uma zona um pouco mais endinheirada. Esta glorieta separa a calle Alberto Aguillera e a calle Carranza, por onde segue a linha 4 que intercepta a 2 na estação San Bernardo. Nota-se que os prédios são mais cuidados apesar de antigos. Não obstante, o mau gosto é uma coisa transversal às classes sociais e há aqui uns prédios com umas trepadeiras que me parecem verdadeiramente feias. O curioso é que continuando a descer pela San Bernardo, dá para reparar nuns outros prédios do mesmo lado onde repetem a tentativa de cobrir as paredes do prédio com trepadeiras, o que dá a esta zona uma estranha ideia de ter havido uma "moda" relativamente a este tipo de decoração "urbana" (se é que se pode chamar isso..).
Rapidamente a calle San Bernardo começa a estreitar, sinal de que estamos a chegar ao centro de Madrid e à sua parte mais velha. A próxima estação é Noviciado, e aqui a rua é já muito estreita e tem restaurantes que apelam claramente ao turista. Estamos já muito perto da Gran Via. Mais um pouco atravesso a Gran Via e chego à Plaza de Santo Domingo, onde finalmente termina a calle San Bernardo e que dá nome à próxima estação de metro. Esta é provavelmente a praça do centro de Madrid mais feia que eu conheço. Não ajuda o parque de estacionamento equipado com lojas de pequenos proprietários tradicionais que está (felizmente) a ser demolida.
Continuo a descer (literalmente, já que existe um declive e não apenas por estar a falar de um percurso Norte-Sul), desta vez pela Cuesta de Santo Domingo em direcção à pequena calle Arrieta e à plaza de Isabel II, onde está o edifício da Ópera Real de Madrid (sim, curiosamente quando estava a pensar em ir à opera, cheguei a procurar na intenet qual seria a estação de metro mais próxima deste edifício. Depois de um tempo sem descobrir, reparei que há uma estação que se chama... Ópera! DaH!). Aqui estou no coração de Madrid, seguindo pela Calle Arenal até Puerta del Sol. Não sei onde está a porta, mas já cá deve ter estado... Passo pela praça mais movimentada de Madrid e sigo agora por aquela que deve ser a maior rua de Madrid, a calle Alcalá. A partir de agora, este deve ter sido o percurso que o Bruno e a Joana tiveram de fazer no meio da neve quando cá estiveram por não conseguirem apanhar taxi às tantas da manhã...
Logo no início da calle Alcalá, notam-se vários edifícios antigos, mandados erigir pelo rei mais popular de Madrid, Carlos III, que durante o século XVIII fez a capital de Madrid passar de lugarejo onde estava a corte, a cidade. Passamos pela esquina desta rua com a calle Sevilla, que dá o nome à próxima estação de metro da linha 2. A regularidade de edifícios grandiosos diminui conforme nos afastamos de Sol, mas temos ainda muitos exemplos de tal, como por exemplo o Banco de España, próxima estação no nosso percurso. Imediatamente após esta, chegamos à plaza de Cibelles, agora sem água devido à seca. Cibelles, onde começa o Paseo de la Castellana, uma das avenidas mais impressionantes que conheço devido ao seu tamanho e aos edifícios que lá estão. Cibelles, que está acompanhada pelo Palácio de las Comunicaciones, estranho destino para um palácio com uma arquitectura verdadeiramente extravagante e invulgar.
Continuo pela calle Alcalá (até ao final da linha 2, diga-se de passagem) e chegamos a outro monumento que compete para ex-libris da cidade, a Puerta de Alcalá, na plaza de la Indipendencia. À nossa direita começa o jardim do Retiro (onde eu nunca fui ainda, mas que terei de ir em breve, nomeadamente quando começar a fazer calor...). Sigo junto às grades que o separam em parte do resto da cidade (há um horário de funcionamento, o que talvez ajude a preservá-lo) e quando este acaba, chego à estação Principe de Vergara, assim chamada devido a uma enorme avenida que aqui começa com esse nome.
Reparo numa placa que celebra a arquitectura única (em Madrid) do bairro de Salamanca, no limite Sul do qual estou. Pouco depois, a calle Goya cruza-se com a calle Alcalá num grande cruzamento e com uma estação de metro (onde novamente cruzamos a linha 4) com o nome dessa rua. Aqui divirjo do caminho tomado pelo Bruno e pela Joana na noite de neve (na qual eu me tentava divertir numa medíocre festa indiana em Brighton). Eles seguiram para Norte, eu continuo para Nordeste.
Chego assim a uma praça que curiosamente me lembra a Praça de Londres em Lisboa (jardins, uma igreja... enfim, estas lembranças são certamente relativas e possivelmente a mais ninguém esta praça lembraria a praça de Londres. Mas a mim lembrou.), Manuel Becerra. Nota-se que estamos a sair do Bairro de Salamanca, bairro bem frequentado, não dos mais acessíveis monetariamente, mas ainda assim de classe média, penso eu. Aqui começam a haver mais misturas de pessoas de diferentes origens, não só sociais, mas também geográficas.
Estou quase no final da linha 2 e a próxima estação é a última, já junto à M30 (a circular de Madrid), em teoria o meu limite de exploração. Perguntava-me eu se valia a pena ir a esta estação? A resposta é simples, sim! Aqui está a praça de touros Monumental de las Ventas, que dá o nome ao terminal da linha 2. Curiosamente, cheguei aqui cerca de 15 minutos antes de começar a nova temporada! Ainda considerei entrar, uma vez que havia preços para todos os gostos (havia praticamente bilhetes a TODOS os preços desde 2 euros a 57, dependendo da fila em que queremos ficar - como ex-profissional de bilhética, devo dizer que deve ser um pesadelo tratar daquilo, mas em termos de serviço ao cliente deve ser difícil de superar). E em Ventas termina a linha 2...

Etiquetas:

3 Comments:

Blogger Andre said...

E que tal se puseres umas fotos a demonstrar o que visitaste??
Seria interessante... msm a linha de metro ajudaria...
Dava para ter um flavour...
Continua a curtir!!!

março 21, 2006 7:10 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

O Retiro tem um dos roseirais mais bonitos da Europa.
E Las Ventas é um imperativo categórico para quem quer perceber a psicologia comportamental das multidões. Foi aí que eu vi um crowd riot fantástico depois de um concerto de AC/DC que los cholos de Móstoles & Vallecas acharam demasiado curto. Os manos Young voltaram (disse-se que quase obrigados pela Guardia Civil de plantão) e fizeram um encore com "Giving the dog a bone". Julgo que foi em '92 ou 93.

março 22, 2006 2:05 da manhã

 
Blogger Hugo Viseu said...

Aceitam-se contribuições monetárias para financiar a máquina digital que estou a pensar em comprar há meses... Fora de brincadeiras, assim que puder, tiro umas fotos e isto ficará melhor.
Dr h. ball: Isso é ASSUSTADOR! :)

março 22, 2006 9:26 da manhã

 

Enviar um comentário

<< Home