A minha estadia em Inglaterra
A minha estadia em Inglaterra está a chegar aos seus momentos finais. Apercebo-me disto quando faço contas ao último dinheiro de que preciso, quando vou às compras já a pensar em não comprar demasiadas coisas que não vou gastar, quando conto os dias de semana que tenho disponíveis para quaisquer planos, quando conto os dias de fim de semana que NÃO tenho disponíveis para quaisquer planos, quando percebo que tenho mais ou menos um calendário para escrever a tese que não é muito flexível, quando o meu passe já acabou e eu não penso em comprar outro, quando tenho viagem marcada para o regresso definitivo a Portugal, quando penso em férias depois de regressar, entre outras coisas. Preocupo-me com o evoluir da tese, sabendo porém que tem impreterivelmente de estar pronta no dia 31 de Agosto. É a única coisa que me preocupa realmente. Depois, preocupo-me um pouco com as férias e em estar no casamento da minha prima Ana (que ainda não confirmei, bolas! Tenho de lhe dizer que sim, que lá estarei...). A partir do dia 18 de Setembro, não tenho planos absolutamente nenhuns. Quem me conhece mais ou menos bem, sabe que normalmente tenho planos de longo prazo, alguns a muito longo prazo. O meu plano de dominação mundial, que segui à risca durante uns 12 anos apenas há alguns meses foi por água abaixo. Pobres terrestres. Ficaram privados da minha brilhante liderança. Paciência. Levam com gajos com muito mais categoria do que eu, como o Bush, o Putin, o Blair, o Chirac ou o Barroso... Eheheh! Normalmente sei o que quero fazer nos próximos 5 anos. Agora, sei o que quero fazer até ao dia 17 de Setembro. Mais além, não sei. Não deixa de ser uma sensação de libertação muito engraçada. Quem leu Skreemer, uma mini-série de banda desenhada escrita por um senhor chamado Peter Milligan, percebe melhor. Nela, a personagem principal tem um dom, que é saber como tudo vai acontecer exactamente, e em que data. Em vez de jogar no totoloto, como se trata de um futuro pós-apocalítico, dedica-se a erguer e dominar um império criminal. Não é disso de que quero falar, apesar de recomendar vivamente a série. Digo apenas que a dada altura (e se quiserem ler a série, não leiam mais longe do que este momento), as coisas acontecem de maneira diferente do que ele pensa, ou seja, o momento fulcral das suas previsões não acontece e a partir daí, tudo se desenrola de maneira diferente. A sensação que ele tem, curiosamente, é de liberdade! Liberdade, porque não mais terá de se comportar como sabe que o destino espera que ele o faça. De certa forma, é o que acontece comigo. A falta de planos para além de dia 17 de Setembro de 2005 é absolutamente libertadora. Reparo agora que faltam exactamente dois meses. Dois meses e estou livre para fazer o que bem me der na cabeça. E daqui a um mês e meio, acaba a minha estadia em Inglaterra.
Etiquetas: Vida
1 Comments:
Este post é delicioso... entendo perfeitamente essa ideia de já não comprar muita coisa e de contar os dias, que já não chegam para fazer tudo o que queres fazer. Rapidamente vais entrar na fase do último. Última ida ao supermercado, último passeio naquela rua, última bebedeira, última festa.
E quero experimentar essa liberdade. A liberdade de quem não tem de se comportar como o destino (deve ler-se os outros) espera(m).
Blimunda
julho 18, 2005 3:06 da tarde
Enviar um comentário
<< Home